quarta-feira, dezembro 19, 2007

a ela


ainda ontem antes de dormir, embebido de sono, tranquilizado pelos braços dela, lembrei de Belchior, quando atravessei ruas inteiras, enquanto passavam-se as luzes dos postes sobre a sombra da noite, são só coisinhas que eu vou dizendo, a parte "b" de vários capítulos nebulosos de uma caminhada, intrigante como estrofe perdida, aquelas passam pelos meus pensamentos e eu não consigo domá-las, pensei nas vezes que me deixei levar, nos vícios que fui ganhando, a cada esquina que cruzava com o salubre gosto da ânsia fui perseguindo os fantasmas de outrora conversando comigo num monólogo de várias vozes, talvez seja grosso e brega como disse a Daniela, mas sei que ela tem minúscula partícula de autoridade de falar qualquer coisa de mim, ela talvez só refletiu e tomou suas reflexões de verdade, bom a ela, que se deixa selecionar selecionada foi, até porque mais brega é morar no norte do Amazonas achando estar em Londres, mas isto é outra conversa, é como desferir palavras com a veracidade de um cão raivoso faminto, porem estes dias que se seguem eu me encontro em estado de paixão sinuosa, me encontro em bossa nova, em chuva ribeira, talvez porque quero ficar toda hora colado a ela, como aquela noite no Galvez, os carros passando a cidade no fundo adormecendo, parece que naquele com céu vermelho de chuva eu estivesse entregando a ela o resto que faltava, até antes de ela chegar eu fiquei ouvindo uns sambas, umas musiquinhas de tons mais tristes, e isso me levou a umas angustias, uma delas foi o que fiz, o punhal que nela pus, e até hoje isso me tortura, mas enfim eu estou melhorando vejo nelas isso, é o gas que me deixa feliz, na verdade a minha maior satisfação atualmente é vê-la sorrir, ou ela ficar quietinha com um semblante sereno que só ela sabe ter.. é isso por enquanto eu estou em remanso de rio...que se perdure.

domingo, dezembro 02, 2007

este fala de mim


Olhou o mar,

A imensidão,

Mas não desanimou


Deixou o cais

Na embarcação

Remou, remou, remou


Depois cansou

Mas ao tomar

A brisa em alto mar


Sentiu prazer e não voltou, jamais.

O humor do mar

Vigor do sal


O entra e sai

Do anzol

Água


Que deságua em água

Água

Tudo igual


E um barquinho pontual

Fez seu lar

Seu ninho lá


Sozinho ao léu

No chão do céu

Sol a sol


E a lua
Toda noite

Toda sua
Deu ao mar

O que é do mar


O dom de errar

O deus dará

Pau a pau


Pra quê lutar?

Seu lugar é o vão do bote

O mar não pode ali entrar

foi lá


Tem carnaval

Muito além do cordão

Tem interior

Muito além do sertão


Pra lá

Desse mundo

Tem mais

Do que um rancho fundo

Tem mais fazer

Em saber por que faz

Tem mais querer

Em querer por demais

Pra lá

Do que é muito

Tem mais mundo

Mais que um

Pra lá

Pra lá do bamba

Tem a fera

Pra lá da banda

Tem batera

Pra lá do inverno

Primavera

Tem animal

Onde a gente nem vê

Tem mais país

Muito além da tv

Pra lá

Desse mundo

Tem mais

Do que um rancho fundo

Sempre tem sol

Muito além do lugar

Tem futebol

Muito além do placar

Pra lá

Do que é muito

Tem mais mundo

Mais que um

Pra lá

Pra lá do bamba

Tem a fera

Pra lá da banda

Tem batera

Pra lá do inverno

Primavera

Pra lá do centro

Tem a esfera

Pra lá da esfera

Atmosfera

Pra lá do ar

A nova era

Pra lá da era

Só espera